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Notícia

Como cuidar da saúde mental dos estudantes?

Estatísticas revelam que boa parte das crianças e adolescentes relatam sintomas de ansiedade e depressão; cuidado da escola e família pode ajudar a reverter essa tendência

Com o ano letivo de 2022 já iniciado e a maior parte dos alunos seguindo um ritmo consistente de aulas presenciais, o segmento educacional consegue avaliar os impactos da pandemia da Covid-19 não apenas sobre a aprendizagem, mas sobre a saúde mental dos estudantes.

Não há dados consolidados para o Maranhão, mas estudos feitos em outros estados brasileiros e até mesmo em outros países demonstram que a pandemia afetou, sim, o estado de ânimo de crianças e adolescentes. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, 37% dos estudantes relatam problemas de saúde mental. Já no Brasil, um levantamento divulgado pelo Instituto Ayrton Senna revela que dois em cada três estudantes no estado de São Paulo apresentam sintomas de ansiedade e depressão.

A professora do curso de Pedagogia da Faculdade de Imperatriz (Facimp), Cleres Carvalho, explica que, no início do ano, não foi difícil encontrar casos entre os estudantes da educação básica e do nível médio, que tenham passado por momentos de apreensão e dificuldades para se socializar. A situação é ainda mais delicada entre as crianças e adolescentes que passaram a maior parte dos últimos anos em regimes escolares híbridos, remotos ou, ainda, completamente sem aulas – caso, por exemplo, de estudantes de escolas públicas. “Eles chegam à escola com medo do retorno e muitos até mesmo perderam familiares para a Covid. Alguns adolescentes têm crises de ansiedade”, contou.

Para Cleres, o contato próximo entre a família e a escola é o principal eixo para superar essa dificuldade de adaptação. “A palavra principal da escola agora precisa ser o acolhimento. É preciso voltar o olhar para enxergar o aluno além do cognitivo e pensar nas questões socioeducacionais”, destacou. Outro ponto elencado pela educadora diz respeito à formação e ao amparo aos professores para que eles sejam capazes de lidar tanto com as novas tecnologias incorporadas à educação, quanto com as questões emocionais dos estudantes. “Pensamos sempre em quem cuida do aluno, mas é preciso voltar esse olhar de cuidado também para o professor”, frisou

RESPONSABILIDADE

Além das questões naturalmente geradas pela rotina escolar pós-pandemia, o período da adolescência é, por si só, uma fase de fragilidades emocionais. É o que destaca a gestora escolar e vice-presidente do Sindicado do Estabelecimentos de Ensino do Estado do Maranhão (Sinepe), Ana Lília Figueiredo Teles de Menezes. “Muitas são as causas que afetam a saúde mental dos nossos alunos. Eles têm dificuldade para lidar com desafios, frustrações, provocações, cobranças e pressões”, enumerou.

Segundo Ana Lília, a preparação adequada para a vida adulta passa também por garantir estrutura emocional às crianças e adolescentes. “O Ensino Médio, por exemplo, é uma época de aumento dessas pressões, porque é onde se inicia a convocação para assumirem as responsabilidades da vida adulta”, disse.

Assim como Cleres, Ana Lília também reforça o papel fundamental da parceria entre a escola e a família nesse processo. “É preciso atenção e diálogo com os estudantes, permitindo que eles extravasem seus temores. Além, claro, de orientar uma rotina equilibrada, que comporte tanto momentos de estudo quanto de lazer e atividades físicas, relacionamentos familiares e de amizade”, concluiu.