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Da superação à prevenção de casos de suicídio: diversos temas marcaram o primeiro dia de palestras do VI Seminário de Líderes Educacionais

Emoção e superação, esses foram os sentimentos que marcaram o primeiro dia do VI Seminário de Líderes Educacionais, realizado pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado do Maranhão (SINEPE-MA), na terça-feira (17). Para contar essa história de luta e desenvolvimento de habilidades e potencial, Roberta Bento e Taís Bento, respectivamente mãe e filha, apresentaram durante o seminário a palestra “O ingrediente secreto que só a escola pode oferecer”. Pela dedicação aos estudos na área, Roberta Bento já conquistou até o reconhecimento nacional como líder global de educação.


A proposta da temática foi mostrar a importância da escola e da família caminharem juntas para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno em diferentes aspectos da vida. Para isso, Roberta Bento, educadora e fundadora da empresa SOS Educação, relembrou e contou os desafios enfrentados na própria infância. Desde pequena, ela teve o diagnóstico de uma paralisia cerebral; na época, os médicos relataram aos pais que a menina teria dificuldade de aprender e obter conhecimento. No início da fase estudantil, foi rejeitada em uma escola, pois diziam que não havia como ensiná-la.


Os pais não desistiram de educar Roberta e logo conseguiram uma vaga em outra escola. Nesse período, a educadora recorda como a escola e a família tiveram papéis fundamentais no desempenho estudantil dela. “Meus pais e meus professores não olharam para minha deficiência, eles olharam para meu potencial, o que eu podia fazer. Falavam que eu era capaz. Lembro-me que até mesmo na educação física da escola, a minha professora não me excluía, fazia eu participar das atividades. Hoje, percebemos uma atenção com os alunos especiais, mas temos que dizer para todos os nossos alunos que eles são capazes, que devem acreditar e confiar neles mesmos e deixarmos serem protagonistas de suas histórias”, destacou.


Roberta Bento ressalta que o grande erro é quando a família e a escola pegam um diagnóstico e, diante disso, tratam o aluno como incapaz. “Esse foi o caminho inverso que aconteceu comigo. Não existe dificuldade de aprendizagem que não possa ser superada, o ponto a que o aluno vai chegar vai depender de cada um. Mas o professor e a família ajudam a construir essa crença que há no aluno e ele olhando à sua volta verá o apoio essencial e não o julgamento, o que permite o desenvolvimento do seu potencial. Por isso, é importante que escola e família estejam próximas, ajudando e mostrando que ele consegue e deixando ele fazer”, ressaltou.


Novo Ensino Médio


Na segunda palestra, que teve como tema “Sem educação não haverá futuro: demanda do novo Ensino Médio e a repercussão no Ensino Superior, o palestrante Mozart Neves apresentou um desafio importante a ser vencido: como implementar em todas as escolas brasileiras o novo Ensino Médio, tendo como referência 1.800 horas da chamada Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para todos os alunos de todas as escolas públicas e particulares e 1.200 horas, no mínimo, de itinerários formativos de acordo com área de interesse do aluno.


“Nessas 1.200 horas, o aluno pode se voltar mais para as áreas que ele tem interesse. Por exemplo: Se for pela área das exatas, das tecnologias, ele pode se dedicar mais às disciplinas de matemática e física. Em outro eixo, o empreendedorismo, ou o eixo do Ensino Profissionalizante, ao longo do Ensino Médio, recebendo a certificação profissionalizante de uma atividade laboral, toda essa flexibilidade, essa diversificação no Ensino Médio vai exigir um grande trabalho de gestão”, pontuou.


Mozart destacou que, para esse trabalho de implementação, é necessária a participação do Conselho Estadual de Educação, com o apoio e a colaboração da Secretaria de Estado da Educação, que tem a responsabilidade pelo Ensino Médio, analisando o impacto no Ensino Superior. “Muito importante que a universidade participe desse processo, dialogando com esse novo Ensino Médio”, finalizou.


Para encerrar a manhã, foi ministrada uma palestra que trouxe como abordagem a educação inclusiva, com a palestrante Maria Luciane Lisboa Belo, que falou sobre o tema “Sala de Recursos”. Na palestra, Maria Luciano apresentou diversas possibilidades de abordagens e de alternativas de aprendizado por meio de recursos inovadores e que chamam a atenção dos estudantes em sala de aula.


Assim como o período da manhã, a tarde foi cheia de aprendizagem. Logo na retomada dos trabalhos, a jornalista e diretora-executiva da Cores Comunicação, Juliana Silveira, falou sobre a importância da comunicação institucional e explicou o que é e como se faz a gestão de imagem. Além disso, Juliana Silveira também destacou a construção da identidade e o gerenciamento de crise como atitudes essenciais para a proteção da imagem e para a sobrevivência de uma empresa.


Educação bilíngue


Em seguida, a especialista em ensino da língua inglesa e em neurociência, Roberta Fernandes, explicou sobre a necessidade de se pensar na educação bilíngue a partir da neurociência com a palestra “Neurociência e bilinguismo”. Segundo a especialista, a neurociência dá um conhecimento muito maior sobre como o cérebro funciona diante do aprendizado de outra língua. “Com esse entendimento, os educadores conseguem facilmente escolher as atividades, estratégias específicas para ajudar no ensino dessa nova língua, cujos códigos linguísticos são diferentes, tornando a aprendizagem mais prazerosa e eficaz para o aluno”, esclareceu.


Além dos alunos e professores, a neurociência ajuda também as famílias. “Ela é fundamental para que os pais e mães entendam o processo de aprendizagem dos filhos. Muita gente costuma pressionar os filhos para aprenderem determinado assunto imediatamente, mas entendendo a neurociência, essas pessoas saberão dar apoio no momento certo, ajudar e, se for o caso, cobrar também do filho”, recomendou.


Prevenção do suicídio


Para encerrar as atividades do primeiro dia, o terapeuta e escritor Hugo Monteiro palestrou sobre o tema “As políticas públicas e a vida: o caso da Lei 13.819/2019”, destacando a relevância da nova lei para o atual cenário brasileiro. “A Lei Federal é muito importante, pois institui a política nacional de prevenção a automutilação e suicídio nas escolas, algo que o Brasil não tinha e precisava ter. Os casos de suicídio, de auto-lesão e de intenção suicida hoje apresentam números assustadores. E onde acontece o maior número de casos? É dentro das escolas! Daí a importância das instituições de ensino estarem atentas ao comportamento dos alunos e tratarem o tema”, orientou.


No Brasil, ao contrário do que acontece em muitos outros países, houve um aumento de suicídios. A taxa entre adolescentes que vivem nas grandes cidades brasileiras aumentou 24% entre 2006 e 2015, segundo uma pesquisa da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O estudo, publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, indica que o suicídio é até três vezes maior entre jovens do sexo masculino. Para o terapeuta Hugo Monteiro, os números precisam ser reduzidos urgentemente, cabendo aos gestores educacionais um papel fundamental. “São gestores que podem pegar o projeto pedagógico da escola e focalizar na educação socioemocional dos alunos, no envolvimento da família, na mudança do currículo, na implantação da BNCC e, assim, contribuir para a redução dos casos no país”, reforça.


Ao fim da palestra, o público foi convidado a refletir sobre a letra da música Trem-Bala, da cantora Ana Vilela. Juntos, todos cantaram o trecho “É sobre ser abrigo e também ter morada em outros corações e, assim, ter amigos contigo em todas as situações”, lembrando o valor das pessoas que nos cercam.