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“É preciso reaproximar as entidades”, afirma Paulino Delmar Pereira
“É preciso reaproximar as entidades”, afirma Paulino Delmar Pereira
Em entrevista, presidente do Sinepe-MA e Confenen destacou a importância da união das entidades representativas das escolas particulares
Com mais de trinta anos dedicados à atividade sindical e três mandatos consecutivos à frente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Maranhão (Sinepe-MA), o professor Paulino Delmar Pereira assumiu também a presidência da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), a maior entidade representativa de estabelecimentos particulares de ensino em todo o país. E o fez num momento desafiador: o segmento da educação foi um dos que mais sentiu o impacto da pandemia do coronavírus nos últimos dois anos.
Até o momento, não é possível prever qual formato será utilizado para as aulas em 2022, se híbrido ou totalmente presencial. Neste sentido, porém, a capital maranhense largou com vantagem: foi a primeira capital brasileira a retomar as aulas presenciais. A volta foi possível a partir do Protocolo de Retorno às Aulas Presenciais em Tempos de Pandemia, elaborado pelo Sinepe-MA com auxílio de uma consultoria médica especializada e convertido, posteriormente, em portaria pelo Governo do Estado.
Para 2022, as definições oficiais sobre os rumos da educação no pós-pandemia estão a cargo do Conselho Nacional de Educação (CNE). Sinepe-MA e Confenen, no entanto, já apontam algumas tendências. Nesta entrevista, o presidente do Sinepe-MA e da Confenen, Paulino Delmar Pereira, fala sobre a sua atuação na Confederação e discorre sobre a preparação para o ano letivo de 2022.
A que o senhor atribui a sua indicação à presidência da Confenen e qual será a principal diretriz da sua atuação à frente da entidade?
A minha indicação teve dois alicerces: o primeiro é a minha experiência de mais de trinta anos de atuação como dirigente sindical, incluindo-se aí três mandatos consecutivos à frente do Sinepe-MA. O segundo é o trabalho que já desenvolvíamos na própria Confenen, compartilhando todas as nossas ações em defesa das escolas particulares. Esse trabalho foi reconhecido e me deu a oportunidade de estar agora ocupando a presidência da Confenen.
O ponto chave será a gestão democrática e moderna, na busca pelo diálogo com todas as entidades sindicais, federações e associações que representam a categoria da educação particular, tanto no segmento da Educação Básica quanto do Ensino Superior. Em nível nacional, a categoria estava carecendo de uma reaproximação das entidades. Vamos buscar ampliar esse leque de instituições, visando fortalecer ainda mais a Confenen, que é a entidade representativa máxima do ensino privado no Brasil.
O senhor assumiu a presidência da Confenen em um momento delicado para o segmento educacional. Como as escolas particulares sentiram esse momento de pandemia e como tem sido a atuação em defesa das escolas particulares nesse contexto?
No início da pandemia, ocorreu uma evasão escolar considerável, que afetou principalmente a Educação Infantil, já que até os dois anos de idade não há obrigatoriedade legal de a família manter a criança na escola. Essa evasão se deu essencialmente em virtude da perda de renda das famílias, ocasionada tanto pela perda de poder aquisitivo quanto pelo receio de contaminação pelo vírus. Era um momento em que o mundo inteiro estava apavorado, então esse movimento é compreensível.
Neste sentido, o Sinepe-MA saiu na frente. Contratamos uma médica infectologista e elaboramos o Protocolo de Retorno às Aulas Presenciais em Tempos de Covid. Esse documento foi submetido depois ao Governo do Estado, foi anuído e se tornou inclusive a base da portaria que garantiu o retorno às aulas presenciais. São Luís foi a primeira capital do Nordeste a retomar as aulas nesse formato. Atribuímos esse fato à elaboração do protocolo, porque ajudou as escolas a responder à pergunta mais importante naquele momento: o que a escola pode fazer para que os estudantes não corram risco de se contaminar?
A pandemia impôs a necessidade de inovação tecnológica em muitos segmentos, inclusive o educacional. O senhor considera que essa tendência iniciada pela pandemia vai se manter nos próximos anos letivos?
Estamos sempre em alerta para as questões que possam envolver e afetar a qualidade do ensino privado. O avanço da tecnologia e as suas aplicações em sala de aula estão entre essas questões. Experimentamos um impacto significativo. Afinal, tivemos três modalidades de ensino no mesmo ano letivo: totalmente presencial, totalmente remoto e, por fim, híbrido. Esse foi um desafio que exigiu de todos nós, educadores, estudo e aperfeiçoamento, bem como investimento em tecnologia e formação de professores.
Temos um pensamento de que nada substitui o professor em sala de aula. Entretanto, a tecnologia nos provou que é possível ampliar esse horizonte, no sentido de que parte da carga horária das disciplinas possa ser ministrada de forma remota, por exemplo. Mas isso quem vai definir é o Ministério da Educação. É de lá que partem todas as diretrizes, e nós acreditamos que isto já está sendo trabalhado e que já haja discussões desse tipo dentro do ministério.
Além do impacto da pandemia, o país enfrenta ainda uma alta generalizada nos preços. É possível afirmar que essa alta vai se estender ao segmento educacional?
Diferente de qualquer outro segmento, as escolas só têm um período no ano em que podem aumentar o valor da mensalidade, que é entre um e outro ano letivo. Essa escalada da inflação não estava prevista. Com certeza, ela tem um impacto muito grande no custo para o funcionamento das escolas e demanda a necessidade de realinhamento do valor cobrado pelo serviços, como já está ocorrendo no setor de prestação de serviços como um todo.
O outro fator a ser levado em consideração é o custo com pessoal, que hoje representa a maior parte do funcionamento das escolas. No ano de 2020, foram muitas as convenções trabalhistas que não conseguiram nenhum reajuste. Em alguns estados e municípios, nem convenção houve. Então, é natural que os sindicatos de trabalhadores venham, este ano, buscar a reposição daquilo que não foi possível nos anos anteriores. Dessa forma, a maior parte das escolas no país sinaliza hoje com reajustes entre 10% e 11% para o ano letivo de 2022.
Considerando todo esse cenário, quais as perspectivas para o ano letivo de 2022?
Tudo ainda é muito recente e ainda está sendo estudado. Há debates acontecendo nas comissões, nas Câmaras Técnicas e conselhos estaduais e municipais de educação. Quem disser que sabe o que vai acontecer nesse cenário está sendo precipitado. O Sinepe/MA e a Confenem acompanham com atenção esse debate, que tem vários fatores envolvidos, como os alertas da Organização Mundial de Saúde sobre a nova variante do vírus, sobre a qual sabemos muito pouco ainda.
O que deduzimos hoje é que essa experiência com o Coronavírus vai resultar em modernização e inovações tecnológicas. Muitas mudanças que iniciaram no período da pandemia devem ser aprimoradas e vão passar a ser aplicadas no ensino brasileiro.