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Notícia

Educação 4.0: entenda o que é e como funciona na prática

É inegável que o avanço da tecnologia vem revolucionando a maneira como o mercado e a sociedade se comportam. Nesse caminho podemos observar o quanto as pessoas são impactadas através de todas as melhorias que a vida moderna vem ganhando ano após ano. Esse momento é conhecido como a Indústria 4.0, onde os robôs e diversas outras tecnologias ganham espaço e se tonam os protagonistas no papel de dinamizar os processos dos mais diferentes segmentos.

Na educação não poderia ser diferente: além de integrar todas as tecnologias, a nova era traz a novidade da educação 4.0, que estimula a aprendizagem através das experimentações, vivências e práticas. Para o professor e consultor educacional, Antônio Ferro, a educação sempre caminhou com as demandas da sociedade, e neste momento vivemos mais uma transformação. “A sociedade está em um processo contínuo e acelerado de transformação na forma como nos relacionamos, deslocamos, moramos e compramos, e neste contexto as demandas mudam para os sistemas educacionais que devem colaborar para a formação de um cidadão com novas habilidades mais voltadas a criação e não mais a reprodução de conhecimentos”, explica.

Mais do que acumular conhecimento, na Educação 4.0 é importante saber por que se precisa de algo, de um conhecimento ou de uma habilidade. Segundo o consultor, esse novo comportamento acontece em razão da facilidade do contato com a tecnologia ainda fora da sala de aula. “Hoje, os alunos aprendem em vários ambientes e trazem na palma da mão o acesso a cursos e bibliotecas inteiras. Esse contato direto fortalece o ensino dentro da educação 4.0, que faz uso de diversas formas de acesso ao conteúdo, possibilitando a personalização do aprendizado, permitindo que o aluno otimize seu processo e tenha feedback sobre sua evolução, dentro de um processo híbrido, utilizando ferramentas tecnológicas e analógicas”, revela.

Na educação 4.0 há também o fortalecimento do aprendizado, que proporciona significativas transformações. “O fortalecimento na aprendizagem pode ser visto na mudança do que se aprende. Nele o foco está na utilização da informação para a produção de algo novo e não mais no acúmulo da informação para posterior reprodução. Há algumas décadas uma pessoa precisava passar por todas as etapas do sistema educacional, para então iniciar algum projeto ou se inserir no mercado. Hoje, com as habilidades desenvolvidas, acesso à internet e criatividade já temos CEO’s com idades entre 12 e 13 anos à frente de projetos de grande impacto”, observa o educador. Nesse processo, além de incentivar o espírito colaborativo entre os alunos, a educação 4.0 contribui para a democratização da educação, facilitando o acesso, o uso da tecnologia como ferramenta de distribuição e permitindo que o aprendizado aconteça em todo lugar, a qualquer momento e em qualquer idade.

Entre as diversas vantagens da educação 4.0 encontramos o desenvolvimento das habilidades de criação e compartilhamento de conhecimento. “Tais vantagens geram maior engajamento dos aprendizes no processo, e, sobretudo, a preparação de uma sociedade mais centrada na inovação contínua”, destaca.

Outro benefício da nova educação é o incentivo na autonomia do aluno. “Quando modificamos o processo de ensino, saindo da postura de apenas passar um conteúdo, para interação com o conhecimento e produção de projetos, a autonomia se constrói naturalmente. No entanto, precisamos lembrar que os alunos hoje já tem autonomia para resolução de desafios cotidianos como deslocamento e diversão, recorrendo à internet para resolver desafios em jogos ou qual o melhor caminho para chegar a casa de um amigo. Porém, os estudantes não aplicam esta mesma atitude nos estudos, sendo este um dos focos da educação 4.0”, enfatiza.

 

Educação 4.0 na prática

Agora você pode se perguntar: como funciona isso na prática e como posso implantar os conceitos da Educação 4.0 em minha escola? Vou precisar investir em tecnologia de ponta para me enquadrar nesta nova realidade? Na verdade, adéqua-se ao novo modelo diz respeito muito mais à mudança de abordagem do que propriamente no investimento em computadores de última geração.

Para o professor Antônio Ferro, o primeiro passo é a transformação das estruturas organizacionais. “Hoje, muitas instituições têm o foco em um ensino apenas presencial, balizado por indicadores construídos nos modelos educacionais da educação fabril conhecida como 2.0, o que é um atraso”.

O segundo passo a ser enfrentado pelos gestores e educadores, é o equilíbrio nas relações com as famílias. “A família precisa compreender as demandas as quais seus filhos serão expostos e que não existiam quando eles (os pais) estavam vivenciando a escola”, orienta.

No terceiro passo, o professor alerta para a necessidade de atuar na formação de equipes docente e de gestão, uma vez que o ensino superior ainda está distante desta discussão e deverá levar mais algum tempo para formar profissionais prontos para atuarem numa educação 4.0.

O último passo é o ajuste de infraestrutura na escola, redes, equipamentos, mobiliário e layout de salas e soluções de conexão entre professores e alunos devem ser encontradas para a consolidação da nova educação.

 

Educador 4.0

Na perspectiva da educação 4.0, o educador precisa refletir sobre sua ação no processo de ensino, enxergando muito mais na perspectiva de criação de roteiros de aprendizagem diferenciados e menos no foco de distribuição da informação.

O novo educador também precisa entender a fluência digital para o desenvolvimento das atividades, compreender sobre plataformas de aprendizagem adaptativa, bem como a produção e utilização no processo de ensino de e-books, podcasts e vídeos. Dessa forma, o educador proporcionará aos alunos caminhos para a solução de conflitos, projetos ou desafios. “O professor na educação 4.0 deve se perceber como um produtor de caminhos de aprendizado para os alunos, encontrando a melhor forma para cada aluno aprender, assim precisará utilizar de ferramentas de diagnóstico e análise de dados para que possa acompanhar as atividades e ter feedbacks precisos para os alunos. Cada vez mais caminhamos para um professor autor e nos distanciamos do guardião da informação”, finaliza.

Para ajudar os gestores e educadores é repensar o cotidiano escolar, o consultor educacional, Antônio Ferro indica o site do professor James G. Lengel, da Universidade de Boston, que explica como seria o cotidiano escolar do ponto de vista do professor, do aluno e do gestor dentro da educação 4.0.

Cotidiano do gestor:

http://www.lengel.net/cisco/briefing/dillpodcast.html

Cotidiano do professor:

http://www.lengel.net/cisco/briefing/diltpodcast.html

Cotidiano do aluno:

http://www.lengel.net/cisco/briefing/dilspodcast.html