Notícia
Novas Bases Nacionais Curriculares do MEC mudarão perfis das escolas em todo o país
Pela primeira vez, desde que foi determinado pela Constituição de 1988, o Brasil finalmente aprovou Bases Nacionais Curriculares Comuns (BNCC) para a educação nacional. Na prática, escolas de ensino médio e fundamental terão que se adequar, nos próximos anos, à novidades que incluem aumento da carga horária para o ensino médio e mudanças das disciplinas obrigatórias e facultativas para o fundamental.
A criação da BNCC faz parte do esforço do Ministério da Educação para modernizar o sistema de ensino brasileiro, que já não responde mais às novas demandas do mundo moderno. O inglês passa agora a ser obrigatório para o ensino fundamental e as escolas de nível médio poderão optar por oferecer itinerários formativos específicos com base numa educação interdisciplinar, aproximando as aulas do modelo já adotado pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
A carga horária do ensino médio deverá aumentar de 1200 para 1800 horas, a partir de áreas do conhecimento que deverão ser trabalhadas de forma interdisciplinar: Linguagens e Suas Tecnologias, Matemática e Suas Tecnologias, Ciências da Natureza e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Cada escola poderá oferecer ênfase na área de sua escolha, conforme diretrizes de cada Estado, além de atividades extracurriculares.
Dentre as novidades mais significativas para o fundamental, está a mudança do ensino de língua estrangeira, que antes permitia a escolha entre inglês, francês e espanhol, e agora torna obrigatório o ensino de inglês. Outras mudanças dizem respeito ao ensino de História, que deve ser ministrado em ordem cronológica, e à exclusão de Ensino Religioso da lista de áreas, passando a ser facultativo às escolas e normatizado por estados e municípios.
Para a pedagoga Elsa Helena Balluz, vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Maranhão (SINEPE/MA), o maior desafio será adequar a formação dos professores às mudanças curriculares. “Recebemos uma norma constitutiva da nova educação no país, que promove uma mudança radical sobre o que será praticado em sala de aula. Mas o que foi feito do currículo das universidades, nos cursos de Pedagogia, Letras e demais licenciaturas? Pouco ou quase nada, além de iniciativas pontuais. Os aluno, nativos digitais, reclamam, com razão, por uma escola para os tempos atuais”, avalia a pedagoga, que, junto com outros professores e especialistas maranhenses, se prepara para o Fórum Estadual de Educação, que acontece este ano em São Luís. O Fórum deverá já discutir os impactos da implantação da BNCC para o Plano Nacional de Educação (PNE) atualmente em execução.
De acordo com o MEC, os indicadores da educação brasileira, principalmente para o ensino médio, ainda são alarmantes. O índice de reprovação e abandono no 1° ano do ensino médio chega a 29%, enquanto 20% dos alunos que terminam o fundamental não se matriculam no nível seguinte. Ainda de acordo com Elsa, apesar do esforço das entidades educacionais, o maior desafio para a melhoria da educação ainda é efetivar uma política de Estado, e não de governo. “Para que não soframos com movimentos políticos alheios ao ideal educativo responsável, precisamos, sobretudo, do devido direcionamento das políticas públicas, de formação adequada de professores, modelos de gestão atualizados, do monitoramento das verbas e fundos destinados às escolas, e, claro, a responsabilização por desvios, mau uso do dinheiro público e toda sorte de desmandos”, concluiu a professora.