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Artigo

A DISCIPLINA NA EDUCAÇÃO

Para tratar de disciplina no âmbito da educação, é fundamental entender o contexto em que a escola desenvolve suas atividades. As instituições de ensino têm o grande desafio de lidar com aqueles que serão os adultos de amanhã. E, em se tratando da sociedade atual, não é difícil imaginar as imensas transformações pelas quais esses jovens passam ao longo de sua trajetória acadêmica. Normalmente, o aluno inicia sua vida escolar aos dois anos de idade, egressando por volta dos 18 anos. Sendo assim, a maneira como ele encara o mundo e desenvol-ve suas relações sociais é pautada por 16 anos de convívio no sistema educacional.

Vivemos na sociedade da informação, marcada por rápidas transformações e pelo avanço tecnológico. Ou seja, nós, enquanto educadores, carregamos a responsabilidade de participar, de maneira relevante, da formação de crianças e jovens para, após 16 anos, entregá-los a um mundo marcado pela transição. E o próprio fato de vivermos em um ambiente mutável traz para os principais responsáveis pela formação da criança (família, Igreja e escola) uma série de inseguranças e incertezas. Isso porque a realidade muda, os conceitos se modificam e até os valores sofrem alterações com o passar do tempo. Assim, é inevitável que o conceito de disciplina seja pressionado pela transitoriedade que caracteriza o mundo atual.

Afinal, quando se muda o cenário, o comportamento também se altera. E, nesse universo tão variável, com frequência, muitos perdem os referenciais de disciplina. Contudo, faz-se necessário ressaltar que o fato de a sociedade sofrer constantes alterações não implica que a disciplina seja deixada de lado. Um exemplo claro diz respeito ao compromisso dos jovens com horários. O fato de ter-se tornado normal chegar à casa mais tarde não significa que não tenham um horário a cumprir no dia seguinte. As regras, em muitas famílias, tornaram-se, por força das já citadas mudanças, mais flexíveis. Mas não podem deixar de existir. A informação mudou, está mais ágil, disponível a qualquer momento na internet, mas isso não significa que os jovens não precisam ler clássicos ou buscar informações sobre cultura e civilização, por exemplo. Diferentemente do que ocorria há muitos anos, hoje, os alunos não são obrigados a se levantar e entoar com cumprimento em coro a um professor que entra em sala de aula. Mas isso não exclui o dever, enquanto cidadãos, de demonstrarem respeito pela autoridade representada ali. Em contrapartida, os
profissionais de educação e a administração escolar também precisam estar alinhados com o processo disciplinar, pois constituem os exemplos mais evidentes para os alunos. Desse modo, os educadores e instituições de ensino precisam mostrar-se responsáveis com horários, prazos, calendários e valorizar a disciplina de seus
alunos. Entretanto, não é raro depararmos com escolas que mudam sua rotina, burlam a sistemática disciplinar, para atender pais e alunos, fazer sua vontade e, com isso, não correr o risco de perder um cliente. Essa resiliência pode gerar um descrédito em relação à identidade do valor disciplinar.

A disciplina é a guardiã dos limites e qualquer ser em formação precisa conhecer seus limites, do ponto de vista humano ou das relações sociais. Fato é que esse processo disciplinar é o responsável, por meio dos limites estabelecidos, pelo caráter de qualquer indivíduo e, em um mundo competitivo como o atual, é bom lembrar a advertência de Ésquilo, que vem valendo apesar dos séculos: “A disciplina é a mãe do êxito”.

ESTADO DE MINAS
22/03/15